quarta-feira, 2 de abril de 2014

Poema à Virgem

                       Escrito pelo Padre José de Anchieta nas areias da Praia de Iperoig, em Ubatuba. 

3. Olha como está prostrado diante da Face do PAI, 
Todo o suor de sangue do seu corpo se esvai. 
Olha a multidão se comporta como ELE se ladrão fosse, 
Pisam-NO e amarram as mãos presas ao pescoço. 

4. Olha, diante de Anás, como um cruel soldado 
O esbofeteia forte, com punho bem cerrado. 
Vê como diante Caifás, em humildes meneios, 
Aguenta mil opróbrios, socos e escarros feios. 
 
                                      5. Não afasta o rosto ao que bate, e do perverso 
Que arranca Sua barba com golpes violento. 
Olha com que chicote o carrasco sombrio 
Dilacera do SENHOR a meiga carne a frio. 

6. Olha como lhe rasgou a sagrada cabeça os espinhos, 
E o sangue corre pela Face pura e bela. 
Pois não vês que seu corpo, grosseiramente ferido 
Mal susterá ao ombro o desumano peso?

7. Vê como os carrascos pregaram no lenho 
As inocentes mãos atravessadas por cravos.  
Olha como na Cruz o algoz cruel prega 
Os inocentes pés o cravo atravessa. 

8. Eis o SENHOR, grosseiramente dilacerado pendurado no tronco, 
Pagando com Teu Divino Sangue o antigo crime! 
(Pecado Original cometido pelos primeiros pais) 
Vê: quão grande e funesta ferida transpassa o peito, aberto 
Donde corre mistura de sangue e água. 

9. Se o não sabes, a Mãe dolorosa reclama 
Para si, as chagas que vê suportar o FILHO que ama. 
Pois quanto sofreu aquele corpo inocente em reparação, 
Tanto suporta o Coração compassivo da Mãe, em expiação.

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