quarta-feira, 27 de março de 2013

Nota para um diário de Constantinopla





 Nota para um diário de Constantinopla:

O ambiente de alegria e comoção espiritual provocado pela nomeação do novo Papa, Francisco, na população argentina em geral, o que tem sido compartilhado pela comunidade armênia, tanto católica como a da Igreja Apostólica Armênia. 
O Diário Armenia, de Buenos Aires, assinalou que os armênios sempre sentiram que o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi um "verdadeiro amigo da comunidade." Foi especialmente apreciada a presença dos Katholicós de todos os Armênios Sua Santidade Karekin II no Vaticano, como também a do Presidente da República da Armênia, Serge Sarkisian, com suas comitivas. 

"As Igrejas de Roma e da Armênia inauguram um novo ciclo de diálogo fraterno, da compreensão mútua e de amor cristão, cujo fim será ter um abnegado mundo melhor", disse Pablo Mirhan Sarafian, diácono da Igreja Armênia em Buenos Aires. "Eu não posso transmitir adequadamente o clima de satisfação espiritual e vibração positiva que teve lugar dentro da comunidade armênia da Argentina para a entronização do Cardeal Bergoglio, como Francisco I, Papa da Igreja Católica Apostólica Romana", disse Sarafian. 

Na missa de domingo na Catedral de São Gregório Iluminador, o Arcebispo Kissag Mouradian, Primaz da Igreja Apostólica Armênia, na Argentina e Chile, fez uma declaração oficial na celebração, saudando e fazendo votos de sucesso de gestão papal. Sarafian lembrou que tanto o bispo Dom Mouradian como o cardeal Jorge Bergoglio, foram por anos os membros da Comissão Ecumênica de  Igrejas Cristãs da Argentina (CEICA), onde o cardeal Jorge MarioBergoglio "compreendeu a dor do povo armênio, e deu suas palavras de esperança e continuidade na busca da justiça. " O mesmo diácono disse que com a sua presença, o Catholicós Karekin II e o Presidente Sarkissian, representando todo o povo da Armênia e da Diáspora, foi um gesto de agradecimento à "sensibilidade e apoio abnegado" sempre demonstrados pelo novo papa. O Diário Arménia recordou que na sexta-feira 23 de abril de 2004, foi realizada na Catedral Católica de Buenos Aires uma celebração ecumênica em memória das vítimas do genocídio armênio. Após rezar o Pai Nosso, o cardeal Jorge Bergoglio referindo-se ao réquiem em 24 de abril: 

"Unidos na dor por um genocídio, o primeiro do século XX, um genocídio em que, atualmente, por todos os meios de impérios poderosos procuram silenciar e tampar. Nós queremos recordá-los e queremos revela-lo para que a nossa chaga como humanidade, primeira chaga de perseguição de um povo do século XX, fique manifesta, encha-nos de vergonha e leve-nos a pedir perdão e não para cobri-lo, esconde-lo por interesses espúrios e mesquinhos. Esse é o sentido dessa recordação ... Nós oramos para que o Senhor nos livre de tudo isso e nos dê a paz. " 

Por sua vez, os católicos armênios na Argentina têm desde 1989, uma hierarquia, uma a Eparquia ou diocese própria do rito armênio no país, criada pelo Papa João Paulo II. Na catedral, Nossa Senhora de Narek, em Buenos Aires, desde o último domingo estão rezando missas de ação de graças todos os dias às 19.00h. O pároco dessa catedral, o monsenhor Pablo Hakimian, estava particularmente contente, pela notícia em si, que tem comovido a Argentina, como ao mundo, bem como por outro fato mais pessoal. 

O Papa Francisco recebeu na quarta-feira, 20 março, a vários bispos católicos da Argentina, mas por algum equivoco, não chegaram a avisar ao bispo da Eparquia de São Gregório de Narek em Buenos Aires dos armênios (tal é o nome completo da mesma), Dom Vartan Boghossian, desta reunião. Avisado disto, o Papa quis pessoalmente receber a Dom Boghossian na quinta-feira 21, quinta-feira, quando tiveram uma conversa a sós e trocaram presentes. E monsenhor Pablo estava emocionado, porque o Papa disse duas vezes a Dom Boghossian: " Saudações a Padre Pablo". 


Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian
Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian
   (fotos gentileza de Hilda Hurmuz, Catedral Armenia Nª Sª de Narek)

O autor destas linhas é Jorge Rouillon, um jornalista do La Nacion por muitos anos e presidente do Clube Gente de Prensa, em Buenos Aires. Conhecedor e amigo da comunidade armênia, pessoalmente têm entrevistado, em diferentes anos, a três líderes espirituais deste povo, que exerceram a mais alta autoridade da Igreja Apostólica Armênia: Vazken I, Karekin I e Karekin II. 

Jorge Rouillon


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