sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Monjas Cistercienses na Síria para Obama


MONJAS CISTERCIENSES NA SÍRIA PARA OBAMA: 

“MANDE-NOS SUAS ORAÇÕES, NÃO SUAS BOMBAS!”



As monjas Cistercienses que mudaram-se em 2005 para um mosteiro em Azeir,... norte da Síria, acompanharam o apelo do Papa Francisco pela paz feito no Angelus. Elas escreveram uma carta, dirigida ao mundo inteiro, contra a intervenção militar na Síria. Alguns trechos foram divulgados pelo Catholic World Report.

“Olhamos para as pessoas ao nosso redor, para os nossos trabalhadores que se perguntam todos os dias espantados, apreensivos : " Eles decidiram nos atacar?".

Hoje fomos para Tartous ... sentimos a revolta, a impotência , a incapacidade de encontrar um sentido para tudo isso: as pessoas tentam dar o seu melhor no trabalho e viver normalmente. Você vê os agricultores irrigando a sua terra , os pais comprando notebooks para as crianças, pois as escolas estão prestes a começar, crianças desconhecidas pedem um brinquedo ou um sorvete ... você vê os pobres, muitos deles tentando conseguir algumas moedas. As ruas estão cheias de refugiados "internos" da Síria, que vieram de todas as partes para a única área que ainda é relativamente habitável .... Você vê a beleza destas montanhas, o sorriso no rosto das pessoas, o olhar bem-humorado de um garoto que está prestes a se juntar ao exército e nos dá os dois ou três amendoins que ele tem no bolso, como um símbolo de "união " ... .

E então você se recorda que 'eles' decidiram nos bombardear. Isso mesmo ... “Porque é hora de fazermos alguma coisa ", como está escrito nas declarações dos homens importantes, que estarão tomando seu chá amanhã , enquanto assistem TV para ver o quão eficaz será a sua intervenção humanitária ....

Será que eles vão nos fazer respirar os gases tóxicos dos depósitos que atingirão, de modo a nos punir pelos gases que nós já respiramos?

As pessoas estão com seus olhos e ouvidos em frente à televisão : todos eles estão esperando uma palavra de Obama!

A palavra de Obama? Será que o vencedor do Prêmio Nobel da Paz pronunciaria uma sentença de guerra contra nós? E onde fica toda a justiça, todo o senso comum , toda a misericórdia , toda a humildade, toda a sabedoria ?

O Papa falou, Patriarcas e Bispos têm falado, inúmeras testemunhas falaram sobre isto, analistas e pessoas de experiência têm falado, mesmo os opositores do regime falaram .... No entanto, aqui estamos todos , esperando apenas uma palavra do grande Obama? E se não fosse ele, seria outra pessoa. Não é ele que é "o grande", é o maligno, que nestes dias está realmente agindo.

O problema é que tornou-se muito fácil passar mentiras por gestos nobres, passar um implacável interesse próprio como se fosse a busca de justiça, passar a necessidade de parecer forte e exercer o poder fora como se fosse uma "responsabilidade moral não desviar o olhar ... "

E, apesar de todas nossas globalizações e fontes de informação , parece que nada pode ser verificado. ... Ou seja, eles não querem que haja qualquer verdade, ao passo que a verdade existe e alguém honesto seria capaz de descobri-la, se eles realmente quisessem procurá-la juntos, se eles não fossem impedidos por aqueles que estão a serviço de outros interesses.

Ler e partilhar esta carta. Orar por eles agora e novamente em 7 de setembro. E enviar esta carta a seus representantes no Congresso, no interesse da justiça, do bom senso, da misericórdia, humildade e sabedoria”.

A carta completa, em inglês, pode ser lida aqui:
http://www.catholicworldreport.com/Blog/2538/a_letter_from_trappist_nuns_in_syria_blood_fills_our_streets_our_eyes_our_heart.aspx#.UicF8j_OBAD

Um dia de jejum e de oração



...decidi convocar para toda a Igreja
um dia de jejum e oração





"nos encontramos em uma fase de extremo sofrimento"


Cristãos no Oriente Médio rechaçam unanimemente uma intervenção militar na Síria



ROMA, 31 Ago. 13 / 12:20 pm (ACI/EWTN Noticias) 


As comunidades cristãs no Oriente Médio expressaram unanimemente o seu rechaço à incursão militar na Síria que estaria planejando realizar os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França com o apoio da Turquia e da Liga Árabe, após a utilização de armas químicas pelo presidente, Bashar Al Assad, no conflito que já leva mais de dois anos sem solução.

Para os cristãos, esta atitude não solucionaria a guerra e só ocasionaria ainda mais problemas, conforme assinalaram diferentes autoridades religiosas em entrevistas concedidas a vários meios de comunicação internacional.

O diretor do Mosteiro de Deir Mar Musa, ao norte de Damasco (Síria), Padre Jacques Mourad, disse à Agência Fides que "nos encontramos em uma fase de extremo sofrimento. (…) Esperamos que os países ocidentais assumam uma posição justa ante esta tremenda crise síria. A postura correta é rechaçar qualquer tipo de violência, deter as armas, não colocar uns contra os outros, defender e proteger os direitos humanos".

O mosteiro foi fundado pelo sacerdote jesuíta, Paolo Dall’Oglio, que foi sequestrado faz um mês em Raqqa. Atualmente não há notícias do presbítero.

A Irmã Houda Fadoul, explicou à mesma agência que "não podemos aceitar ou apreciar uma intervenção armada das potências estrangeiras. Continuamos com a nossa missão, que é a de elevar a Deus um culto espiritual, sobretudo, para educar os jovens no diálogo e na paz".

O patriarca siro-católico, Youssef III Younan, declarou ao site terrasanta.net que em vez de ajudar a que se encontrem caminhos para a reconciliação e para o diálogo, "estas potências apenas armaram os rebeldes, incitando à violência e envenenando ainda mais as relações entre sunitas e xiitas".

O Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa, expressou ao Franciscan Media Center que "as imagens que temos da Síria são atrozes, falam por si mesmas, (…) conhecendo o Oriente Médio, é muito difícil saber quem faz cada coisa. A comunidade política internacional deve encontrar soluções imediatas, através de pressões, para que tudo isto acabe de uma vez. Não acho que hoje na Síria haja gente que tenha razão e gente que não tenha razão. Quando se usa a violência todos se equivocam".

O Patriarca Maronita, Béchara Rai, informou à Rádio Vaticano do Líbano que "tudo o que está acontecendo no Oriente Médio (tanto no Egito como na Síria ou no Iraque) é uma guerra que tem duas dimensões".

Explicou que "no Iraque e na Síria, a guerra é entre sunitas e xiitas; no Egito a guerra é entre fundamentalistas, entre eles está a Irmandade Muçulmana e os moderados. São guerras sem fim, mas, sinto ter que dizer, há países, sobretudo ocidentais (mas também do Oriente) envolvidos".






Fonte: ACI Digital

Guerra nunca mais



GUERRA NUNCA MAIS

dia 7 de setembro 

Papa convoca oração e jejum pela paz na Síria.





domingo, 1 de setembro de 2013

Semana de oração pela paz na Síria - primeiro dia

Mais do que nunca, nossos irmãos Sírios precisam da nossa oração AGORA! 


Ajuda a Igreja que sofre lança semana de oração pela paz na Síria

Por Redação
ROMA, 30 de Agosto de 2013 (Zenit.org) 

A Fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que sofre (AIS) faz pública uma nota na qual dá início imediato à semana de oração pela paz na Síria - informou Rádio Vaticano - programada inicialmente para o mês de outubro, e antecipado para começar hoje em París, devido à urgência da situação na Síria.  

A semana irá durar até o dia 6 de Setembro.

“Não é tempo de Advento, nem do Santo Natal, nem a Semana Santa. Porém, é tempo de oração e jejum. Os nossos irmãos e irmãs sírios precisam mais do que nunca da nossa ajuda e das nossas orações”, assim começa o comunicado.

A cada dia de oração a Fundação AIS acrescenta declarações enviadas diretamente da Síria trazendo informações e as palavras do povo sírio. “Por motivos de segurança, nem sempre poderemos citar a fonte”, diz a nota.

O comunicado divulgou também a oração de intercessão pela paz na Síria:

Deus compassivo, escutai o grito do povo Sírio, 
Dai conforto àqueles que sofrem por causa da violência;
Consolo aos que choram pelos mortos;
Força aos países vizinhos para que possam acolher os refugiados,
Convertei o coração daqueles que utilizaram armas
E protegei quem está comprometido para proteger a paz
Deus de esperança, inspirai os governantes para que escolham a paz no lugar da violência
E que busquem a reconciliação com os inimigos
Inspirai compaixão na Igreja universal pelo povo sírio
E dai-nos a esperança de um futuro de paz, fundado na justiça para todos, 
Vos pedimos por Jesus Cristo, príncipe da paz de luz do mundo
(Tradução própria)

Primeiro dia: Escutai o grito do povo da síria

“O sofrimento já superou todos os limites. 
A Síria tornou-se um campo de batalha. 
Todo elemento de democracia – liberdade, direitos humanos, cidadania – foi perdido e ninguém parece se importar. 
A crise matou milhares de cidadãos, soldados, oposição, homens, mulheres, crianças, clérigos, muçulmamos e sacerdotes cristãos”. 

(Gregorios III Laham, Patriarca de Antiochia, de todo o Oriente, de Alexandria e de Jerusalém dos Melquitas)

Rezemos pela paz na Síria. 
Rezemos para que as armas sejam silenciadas. 
Rezemos para o fim de toda violência e conflito armado. 
Rezemos pelo Santo Padre, todos nós juntos: Maria, Rainha da paz, interceda pela Síria, roga por nós. 

A cada dia ao longo dessa semana publicaremos a oração própria promovida pela AIS

Nunca mais a guerra


Nunca mais a guerra! 

A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado 

Palavras do Papa Francisco antes da oração do Angelus neste domingo

ROMA, 01 de Setembro de 2013 (Zenit.org) 

Às 12hs de hoje, o Papa Francisco apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para receitar o Angelus com os inúmeros fieis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Estas foram as palavras do Papa antes da oração mariana:

Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! 

É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! 

Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. 

Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. 

Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.

Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).

Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.

Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.

Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz.

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.

Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!

terça-feira, 30 de julho de 2013

Papa Francisco e a Lumen Fidei





LUMEN FIDEI

A luz da fé
A encíclica do Papa Francisco escrita a quatro mãos
O Papa Francisco nos ensina a compreender e viver melhor a nossa fé


A FÉ LIGADA NA ESCUTA

A fé está ligada à escuta. Abraão não vê Deus, mas ouve a sua voz. Deste modo, a fé assume um carácter pessoal: o Senhor não é o Deus de um lugar, nem mesmo o Deus vinculado a um tempo sagrado específico, mas o Deus de uma pessoa, concretamente o Deus de Abraão, Isaac e Jaco.

ISRAEL FRAQUEJA NA FÉ

A história de Israel mostra-nos ainda a tentação da incredulidade, em que o povo caiu várias vezes. Aparece aqui o contrário da fé: a idolatria. Enquanto Moisés fala com Deus no Sinai, o povo não suporta o mistério do rosto divino escondido, não suporta o tempo de espera.
O ato de fé do indivíduo insere-se numa comunidade, no « nós » comum do povo, que, na fé, é como um só homem: « o meu filho primogénito », assim Deus designa¬rá todo o Israel (cf. Ex 4, 22).

A fé é um dom gratuito de Deus, que exige a humildade e a coragem de fiar-se e entregar-se para ver o caminho luminoso do encontro entre Deus e os homens.
Cardeal Dom Odilo...
“Portanto, a fé cristã é fé no Amor pleno, no seu poder eficaz, na sua capacidade de transformar o mundo e iluminar o tempo”. « Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele » (1 Jo 4, 16).

Enquanto ressuscitado, Cristo é testemunha fiável, digna de fé (cf. Ap 1, 5; Heb 2, 17), apoio firme para a nossa fé. « Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé », afirma São Paulo (1 Cor 15, 17).

A SALVAÇÃO PELA FÉ

São Paulo acredita que, ao aceitar o dom da fé, o ser humano é transformado numa nova criatura, recebe um novo ser, um ser filial, torna-se filho no Filho.
A salvação pela fé consiste em reconhecer o primado do dom de Deus, como resume São Paulo: « Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós, é dom de Deus » (Ef 2, 8).

A nova lógica da fé centra-se em Cristo. A fé em Cristo salva-nos, porque é n’Ele que a vida se abre radicalmente a um Amor que nos prece¬de e transforma a partir de dentro, que age em nós e conosco.
Na fé, o « eu » do crente dilata-se para ser habitado por um Outro, para viver num Outro, e assim a sua vida amplia-se no Amor. É aqui que se situa a ação própria do Espírito Santo...
O cristão pode ter os olhos de Jesus, os seus sentimentos, a sua predisposição filial, porque é feito participante do seu Amor, que é o Espírito; é neste Amor que se recebe, de algum modo, a visão própria de Jesus.

A FORMA ECLESIAL DA FÉ

A fé tem uma forma necessariamente eclesial, é professada partindo do corpo de Cristo, como comunhão concreta dos crentes. A partir deste lugar eclesial, ela abre o indivíduo cristão a todos os homens.
A fé não é um fato privado, uma concepção individualista, uma opinião subjetiva, mas nasce de uma escuta e destina-se a ser pronunciada e a tornar-se anúncio.

UMA LUZ ILUSÓRIA...

A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apresenta, no Evangelho de João: « Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas » (Jo 12, 46).
Podemos nos perguntar se essa luz é ilusória, em contrapartida com a razão. Por muito tempo acreditou-se que a fé só caberia onde a razão não conseguia explicar. Assim fé cai num vazio, afirma o Pontífice. Pensar a fé como mero suplemento da razão seria empobrecê-la.
Como a razão não conseguiu responder todas as inquietudes humanas, logo o homem cai num vazio existencial. Quando falta a luz, perde-se o rumo da estrada.

RECUPERAR A LUZ

Redescobrir a luz, implica em afirmar que ela já existe e está em nós. Muitas vezes encontra-se apagada, por isso o Papa insiste na redescoberta, pois essa luz é capaz de dar sentido a existência. Para tal, ele insiste na experiência com Deus.
A fé que recebemos de Deus como dom sobrenatural, deve vir como luz que ilumina a estrada da vida e dá sentido. Por isso precisamos redescobri-la.

O Concílio Vaticano II fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Desta forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.

SE NÃO ACREDITARDES, NÃO COMPREENDEREIS...

Um belo capítulo trata da transmissão da fé: esta é uma das preocupações sérias da Igreja em nossos dias. O Papa fala que a Igreja é “a mãe da nossa fé”.

A fé não é um fato individual e subjetivo: aquilo que cremos foi transmitido a nós, vem de longe, dos apóstolos! “Transmiti-vos aquilo que eu mesmo recebi”, observou São Paulo (1Cor 15,3).

FÉ E VERDADE

Se o amor tem necessidade da verdade, também a verdade precisa do amor; amor e verdade não se podem separar. Sem o amor, a verdade torna-se fria, impessoal, gravosa para a vida concreta da pessoa.

O conhecimento da fé ilumina não só o caminho particular de um povo, mas também o percurso inteiro do mundo criado, desde a origem até à sua consumação.

A FÉ COMO ESCUTA E VISÃO

Ver Jesus é algo fundamental que acorreu com os discípulos e demais pessoas. Muitos creram por terem visto, mas muito creram por terem ouvido.

O ver, graças à sua união com o ouvir, torna-se seguimento de Cristo; e a fé aparece como um caminho do olhar em que os olhos se habituam a ver em profundidade. Pela fé, podemos tocar Deus. Agostinho diz: tocar com o coração isto sim é crer.

FÉ E RAZÃO

A luz do amor, própria da fé, pode iluminar as perguntas do nosso tempo acerca da verdade.

Por outro lado, enquanto unida à verdade do amor, a luz da fé não é alheia ao mundo material, porque o amor vive-se sempre com corpo e alma; a luz da fé é luz encarnada, que dimana da vida luminosa de Jesus.

A fé desperta o sentido crítico, enquanto impede a pesquisa de se deter, satisfeita, nas suas fórmulas e ajuda-a a compreender que a natureza sempre as ultrapassa. Convidando a maravilhar-se diante do mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão...


A FÉ E A BUSCA DE DEUS

A luz da fé em Jesus ilumina também o caminho de todos aqueles que procuram a Deus...
O caminho do homem religioso passa pela confissão de um Deus que cuida dele e que Se pode encontrar. Que outra recompensa poderia Deus oferecer àqueles que O buscam, senão deixar-Se encontrar a Si mesmo?
Quanto mais o cristão penetrar no círculo aberto pela luz de Cristo, tanto mais será capaz de compreender e acompanhar o caminho de cada homem para Deus.

FÉ E TEOLOGIA

Como luz que é, a fé convida-nos a penetrar nela, a explorar sempre mais o horizonte que ilumina, para conhecer melhor o que amamos. Deste desejo nasce a teologia cristã; assim, é claro que a teologia é impossível sem a fé e pertence ao próprio movimento da fé...

TRANSMITO-VOS AQUILO QUE RECEBI

Quem se abriu ao amor de Deus, acolheu a sua voz e recebeu a sua luz, não pode guardar este dom para si mesmo. Uma vez que é escuta e visão, a fé transmite-se também como palavra e como luz...
O passado da fé, aquele ato de amor de Jesus que gerou no mundo uma vida nova, chega até nós na memória de outros, das testemunhas, guardado vivo naquele sujeito único de memória que é a Igreja;
É impossível crer sozinhos. A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o « eu » do fiel e o « Tu » divino, entre o sujeito autônomo e Deus; mas, por sua natureza, abre-se ao « nós », verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja.

OS SACRAMENTOS E A TRANSMISSÃO DA FÉ

A Igreja transmite aos seus filhos o conteúdo da sua memória. É através da Tradição Apostólica, conservada na Igreja com a assistência do Espírito Santo, que temos contato vivo com a memória fundadora. E aquilo que foi transmitido pelos Apóstolos, como afirma o Concílio Ecumênico Vaticano II, 
abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé;

Se é verdade que os sacramentos são os sacramentos da fé,há que afirmar também que a fé tem uma estrutura sacramental; o despertar da fé passa pelo despertar de um novo sentido sacramental na vida do homem.

A FÉ DEVE BUSCAR A UNIDADE

A fé deve buscar a unidade de visão num só corpo e num só espírito. Neste sentido, São Leão Magno podia afirmar:  Se a fé não é una, não é fé.

DEUS PREPARA PARA ELES UMA CIDADE (cf. Heb11, 16)

Ao apresentar a Carta aos Hebreus vemos a preparação de um lugar onde os homens possam habitar uns com os outros. O primeiro construtor é Noé, que, na arca, consegue salvar a sua família (cf. Heb 11, 7). Depois aparece Abraão, de quem se diz que, pela fé, habitara em tendas, esperando a cidade de alicerces firmes (cf. Heb 11, 9-10).

A FÉ E A FAMÍLIA

O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimônio. Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira.
Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos, crianças e jovens...
Assimilada e aprofundada em família, a fé torna-se luz para iluminar todas as relações sociais.
No centro da fé Bíblica, há o amor de Deus, e o seu cuidado concreto a cada pessoa...
A fé, ao revelar-nos o amor de Deus Criador, faz-nos olhar com maior respeito para a natureza, ajuda-nos a encontrar modelos de progresso, que não se baseiem apenas na utilidade e no lucro, mas considerem a criação como dom.

Quando a fé esmorece, há o risco de esmorecerem também os fundamentos do viver. Se tiramos a fé em Deus das nossas cidades, enfraquecer-se-á a confiança entre nós, apenas o medo nos manterá unidos, e a estabilidade ficará ameaçada.
Afirma a Carta aos Hebreus: « Deus não Se envergonha de ser chamado o “seu Deus”, porque preparou para eles uma cidade » (Heb 11, 16).
A fé ilumina a vida social: possui uma luz criadora para cada momento novo da história...

A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho.
Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha...

FELIZ DAQUELA QUE ACREDITOU (cf. Lc 1, 45)

Lucas explica o significado da « terra boa »: 
« São aqueles que, tendo ouvido a palavra com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança » (Lc 8, 15).
A Palavra ouvida e conservada, pode constituir um retrato implícito da fé da Virgem Maria;

ORAÇÃO À MARIA

Ajudai, ó Mãe, a nossa fé.
Abri o nosso ouvido à Palavra, para reconhecermos a voz de Deus e a sua chamada.
Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nossa terra e acolhendo a sua promessa.
Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu amor, para podermos tocá-Lo com a fé.
Ajudai-nos a confiar-nos plenamente a Ele, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa fé é chamada a amadurecer.
Semeai, na nossa fé, a alegria do Ressuscitado.
Recordai-nos que quem crê nunca está sozinho.
Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz em nosso caminho.
E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor. Amém.

(Síntese feita pelo Pe. Edinaldo Mendes Tonete)

sexta-feira, 29 de março de 2013

A Tua Cruz Cristo_Խաչի քո Քրիստոս - (Khatchi kó Kristós)


 A Tua Cruz Cristo 
   Խաչի քո Քրիստոս
   (Khatchi kó Kristós)



Խաչի քո, Քրիստոս, երկիր պագանեմք
եւ զսուրբ զմատնութիւնդ քո մեծացուցանեմք
եւ զսուրբ զչարչարանսդ քո փառաւորեմք
եկայք հաւատացեալք երկրպագեսցուք Քրիստոսի Աստուծոյ մերոյ
վասն զի եկն ի ձեռն խաչին իւրոյ շնորհեաց պարգեւս աշխարհի:

Սուրբ Աստուած
սուրբ եւ հզօր
սուրբ եւ անմահ
որ մատնեցար վասն մեր ողորմեա մեզ:

Փառք սուրբ խաչիդ, ալէլուիա
սուրբ մատնութեանդ, ալէլուիա
չարչարանացդ, ալէլուիա

Նշանեցաւ առ մեզ լոյս երեսաց քոց եւ ետուր ուրախութիւն սրտից մերոց
ի պտղոյ ցորենոյ, գինւոյ եւ ձիթոյ իւրեանց լցուցեր զնոսա:

Փառք սուրբ խաչիդ, ալէլուիա
սուրբ մատնութեանդ, ալէլուիա
չարչարանացդ, ալէլուիա

Փառք եւ երկրպագութիւն
Հօր եւ Որդւոյ եւ Հոգւոյն Սրբոյ
այժմ եւ միշտ եւ յաւիտեանս յաւիտենից ամէն:

Փառք սուրբ խաչիդ, ալէլուիա
սուրբ մատնութեանդ, ալէլուիա
չարչարանացդ, ալէլուիա:

Խաչն կենարար որ եղեւ մեզ փրկութիւն
սովաւ ամենեքեան զքեզ բարեբանեմք:

Որ ի Հօրէ լուսոյ լոյս ճառագայթեալ ի յերկրի
եւ գաւազան զօրութեան հաւատացելոց
սովաւ ամենեքեան զքեզ բարեբանեմք:

Որ լուսափայլ ծագմամբ հրաշափառապէս մեզ ցուցաւ
ի յօգնութիւն ընդդէմ թշնամւոյն, սովաւ ամենեքեան զքեզ բարեբանեմք:

Փառք Հօր եւ Որդւոյ եւ Հոգւոյն Սրբոյ
այժմ եւ միշտ եւ յաւիտեանս յաւիտենից ամէն:

Որ յատենի կացեր անպարտդ կողին պատրանօք
եւ արբուցեր մեզ ի կողահոս աղբերէդ
նորոգեա եւ զիս զապականեալս մեղօք:

quarta-feira, 27 de março de 2013

Nota para um diário de Constantinopla





 Nota para um diário de Constantinopla:

O ambiente de alegria e comoção espiritual provocado pela nomeação do novo Papa, Francisco, na população argentina em geral, o que tem sido compartilhado pela comunidade armênia, tanto católica como a da Igreja Apostólica Armênia. 
O Diário Armenia, de Buenos Aires, assinalou que os armênios sempre sentiram que o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi um "verdadeiro amigo da comunidade." Foi especialmente apreciada a presença dos Katholicós de todos os Armênios Sua Santidade Karekin II no Vaticano, como também a do Presidente da República da Armênia, Serge Sarkisian, com suas comitivas. 

"As Igrejas de Roma e da Armênia inauguram um novo ciclo de diálogo fraterno, da compreensão mútua e de amor cristão, cujo fim será ter um abnegado mundo melhor", disse Pablo Mirhan Sarafian, diácono da Igreja Armênia em Buenos Aires. "Eu não posso transmitir adequadamente o clima de satisfação espiritual e vibração positiva que teve lugar dentro da comunidade armênia da Argentina para a entronização do Cardeal Bergoglio, como Francisco I, Papa da Igreja Católica Apostólica Romana", disse Sarafian. 

Na missa de domingo na Catedral de São Gregório Iluminador, o Arcebispo Kissag Mouradian, Primaz da Igreja Apostólica Armênia, na Argentina e Chile, fez uma declaração oficial na celebração, saudando e fazendo votos de sucesso de gestão papal. Sarafian lembrou que tanto o bispo Dom Mouradian como o cardeal Jorge Bergoglio, foram por anos os membros da Comissão Ecumênica de  Igrejas Cristãs da Argentina (CEICA), onde o cardeal Jorge MarioBergoglio "compreendeu a dor do povo armênio, e deu suas palavras de esperança e continuidade na busca da justiça. " O mesmo diácono disse que com a sua presença, o Catholicós Karekin II e o Presidente Sarkissian, representando todo o povo da Armênia e da Diáspora, foi um gesto de agradecimento à "sensibilidade e apoio abnegado" sempre demonstrados pelo novo papa. O Diário Arménia recordou que na sexta-feira 23 de abril de 2004, foi realizada na Catedral Católica de Buenos Aires uma celebração ecumênica em memória das vítimas do genocídio armênio. Após rezar o Pai Nosso, o cardeal Jorge Bergoglio referindo-se ao réquiem em 24 de abril: 

"Unidos na dor por um genocídio, o primeiro do século XX, um genocídio em que, atualmente, por todos os meios de impérios poderosos procuram silenciar e tampar. Nós queremos recordá-los e queremos revela-lo para que a nossa chaga como humanidade, primeira chaga de perseguição de um povo do século XX, fique manifesta, encha-nos de vergonha e leve-nos a pedir perdão e não para cobri-lo, esconde-lo por interesses espúrios e mesquinhos. Esse é o sentido dessa recordação ... Nós oramos para que o Senhor nos livre de tudo isso e nos dê a paz. " 

Por sua vez, os católicos armênios na Argentina têm desde 1989, uma hierarquia, uma a Eparquia ou diocese própria do rito armênio no país, criada pelo Papa João Paulo II. Na catedral, Nossa Senhora de Narek, em Buenos Aires, desde o último domingo estão rezando missas de ação de graças todos os dias às 19.00h. O pároco dessa catedral, o monsenhor Pablo Hakimian, estava particularmente contente, pela notícia em si, que tem comovido a Argentina, como ao mundo, bem como por outro fato mais pessoal. 

O Papa Francisco recebeu na quarta-feira, 20 março, a vários bispos católicos da Argentina, mas por algum equivoco, não chegaram a avisar ao bispo da Eparquia de São Gregório de Narek em Buenos Aires dos armênios (tal é o nome completo da mesma), Dom Vartan Boghossian, desta reunião. Avisado disto, o Papa quis pessoalmente receber a Dom Boghossian na quinta-feira 21, quinta-feira, quando tiveram uma conversa a sós e trocaram presentes. E monsenhor Pablo estava emocionado, porque o Papa disse duas vezes a Dom Boghossian: " Saudações a Padre Pablo". 


Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian
Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian
   (fotos gentileza de Hilda Hurmuz, Catedral Armenia Nª Sª de Narek)

O autor destas linhas é Jorge Rouillon, um jornalista do La Nacion por muitos anos e presidente do Clube Gente de Prensa, em Buenos Aires. Conhecedor e amigo da comunidade armênia, pessoalmente têm entrevistado, em diferentes anos, a três líderes espirituais deste povo, que exerceram a mais alta autoridade da Igreja Apostólica Armênia: Vazken I, Karekin I e Karekin II. 

Jorge Rouillon