Nota para um diário de Constantinopla:
O ambiente de alegria e comoção espiritual provocado pela
nomeação do novo Papa, Francisco, na população argentina em geral, o que tem
sido compartilhado pela comunidade armênia, tanto católica como a da Igreja
Apostólica Armênia.
O Diário Armenia, de Buenos Aires, assinalou que os
armênios sempre sentiram que o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi um "verdadeiro
amigo da comunidade." Foi especialmente apreciada a presença dos Katholicós
de todos os Armênios Sua Santidade Karekin II no Vaticano, como também a do
Presidente da República da Armênia, Serge Sarkisian, com suas comitivas.
"As
Igrejas de Roma e da Armênia inauguram um novo ciclo de diálogo fraterno, da
compreensão mútua e de amor cristão, cujo fim será ter um abnegado mundo
melhor", disse Pablo Mirhan Sarafian, diácono da Igreja Armênia em Buenos
Aires. "Eu não posso transmitir adequadamente o clima de satisfação
espiritual e vibração positiva que teve lugar dentro da comunidade armênia da
Argentina para a entronização do Cardeal Bergoglio, como Francisco I, Papa da
Igreja Católica Apostólica Romana", disse Sarafian.
Na missa de domingo na
Catedral de São Gregório Iluminador, o Arcebispo Kissag Mouradian, Primaz da
Igreja Apostólica Armênia, na Argentina e Chile, fez uma declaração oficial na
celebração, saudando e fazendo votos de sucesso de gestão papal. Sarafian
lembrou que tanto o bispo Dom Mouradian como o cardeal Jorge Bergoglio, foram
por anos os membros da Comissão Ecumênica de Igrejas Cristãs da Argentina (CEICA), onde o
cardeal Jorge MarioBergoglio "compreendeu a dor do povo armênio, e deu
suas palavras de esperança e continuidade na busca da justiça. " O mesmo
diácono disse que com a sua presença, o Catholicós Karekin II e o Presidente Sarkissian,
representando todo o povo da Armênia e da Diáspora, foi um gesto de
agradecimento à "sensibilidade e apoio abnegado" sempre demonstrados pelo
novo papa. O Diário Arménia recordou que na sexta-feira 23 de abril de 2004,
foi realizada na Catedral Católica de Buenos Aires uma celebração ecumênica em
memória das vítimas do genocídio armênio. Após rezar o Pai Nosso, o cardeal
Jorge Bergoglio referindo-se ao réquiem em 24 de abril:
"Unidos na dor
por um genocídio, o primeiro do século XX, um genocídio em que, atualmente, por
todos os meios de impérios poderosos procuram silenciar e tampar. Nós queremos recordá-los
e queremos revela-lo para que a nossa chaga como humanidade, primeira chaga de
perseguição de um povo do século XX, fique manifesta, encha-nos de vergonha e
leve-nos a pedir perdão e não para cobri-lo, esconde-lo por interesses espúrios
e mesquinhos. Esse é o sentido dessa recordação ... Nós oramos para que o
Senhor nos livre de tudo isso e nos dê a paz. "
Por sua vez, os católicos armênios
na Argentina têm desde 1989, uma hierarquia, uma a Eparquia ou diocese própria do
rito armênio no país, criada pelo Papa João Paulo II. Na catedral, Nossa Senhora
de Narek, em Buenos Aires, desde o último domingo estão rezando missas de ação
de graças todos os dias às 19.00h. O pároco dessa catedral, o monsenhor Pablo Hakimian,
estava particularmente contente, pela notícia em si, que tem comovido a Argentina,
como ao mundo, bem como por outro fato mais pessoal.
O Papa Francisco recebeu
na quarta-feira, 20 março, a vários bispos católicos da Argentina, mas por
algum equivoco, não chegaram a avisar ao bispo da Eparquia de São Gregório de
Narek em Buenos Aires dos armênios (tal é o nome completo da mesma), Dom Vartan
Boghossian, desta reunião. Avisado disto, o Papa quis pessoalmente receber a
Dom Boghossian na quinta-feira 21, quinta-feira, quando tiveram uma conversa a
sós e trocaram presentes. E monsenhor Pablo estava emocionado, porque o Papa
disse duas vezes a Dom Boghossian: " Saudações a Padre Pablo".
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Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian |
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Papa Francisco e Dom Vartan Boghossian
(fotos gentileza de Hilda Hurmuz, Catedral Armenia Nª Sª de Narek) |
O
autor destas linhas é Jorge Rouillon, um jornalista do La Nacion por muitos
anos e presidente do Clube Gente de Prensa, em Buenos Aires. Conhecedor e amigo
da comunidade armênia, pessoalmente têm entrevistado, em diferentes anos, a três
líderes espirituais deste povo, que exerceram a mais alta autoridade da Igreja Apostólica
Armênia: Vazken I, Karekin I e Karekin II.
Jorge Rouillon